domingo, 26 de novembro de 2017



Raimundo de Duda, um homem de luz própria

Conheci Raimundo Felipe de França a partir da amizade dele com meu pai, Fausto Martins. Eles tinham uma convivência muito próxima. Raimundo de Duda era muito espirituoso, sempre bem-humorado e às vezes tirava meu pai do sério. Mas, o interessante é que mantiveram uma relação de respeito por muitos anos, enquanto meu pai viveu (julho de 1995).
 Da metade dos anos 80 até o começo dos anos 90, colaborei com jornais de Mossoró, principalmente com o centenário “O Mossoroense”. Raimundo de Duda era responsável pela distribuição do jornal e sempre me cobrava notícias de Governador Dix-sept Rosado. Cedinho, às vezes antes das 6 horas da manhã, ele chegava na sua motocicleta, com o jornal do dia.
 Certa vez, Raimundo disse que conseguiu entregar 50 exemplares de “O Mossoroense”, entre assinaturas e venda avulsa, em virtude de uma notícia quente, como se chama na linguagem jornalística em relação à cobertura de um fato da hora e de interesse da população. Se hoje, essa quantidade representaria muito, imagine àquela época.
 Raimundo de Duda fazia de tudo na digna luta pela sobrevivência. Era eletricista, jornaleiro e prestava serviços de conserto de algum tipo de eletrodomésticos e de moticicletas. Tinha um prazer muito grande em trabalhar para prover as necessidades de sua família e gostava muito de comprar coisas para os netos.
 A capacidade de Raimundo de Duda para o trabalho era algo que despertava a admiração de todos. Impressionava a sua disposição física, para um homem de 68 anos. Verdadeiramente era um homem cheio de energia, de prazer pela vida e alguém para o qual sempre havia um tempo bom.
 Raimundo Felipe de França foi alguém que deu sua contribuição para levar luz à população de Governador Dix-sept Rosado, através dos serviços como eletricista, mas também como distribuidor de jornais, cujo conteúdo informava e instigava os leitores a pensar os problemas do cotidiano, no meio em que viviam.
 A dedicação ao trabalho mostra que Raimundo de Duda tinha um carinho muito grande pela sua família, e pelo que fazia. E, se havia algo que ele gostava era de motonetas e moticicletas. Ele “dava vida” a velhas motos. Montava-as e as desmontava. Fazia-as andar. Elas, as motos, conduziam-no pelos quatro cantos da cidade, onde desempenhava suas atividades. Parecia que Raimundo se “entendia” com aquelas máquinas, que lhe davam mobilidade, independência, liberdade.  
 Raimundo de Duda é um personagem de luz própria, incorporado à geografia humana de Governador Dix-sept Rosado. 



 Escrito por Paulo Martins às 22h08

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